quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tempo, tempo, tempo, mano velho.

Ando precisando de um tempo pra mim. Um tempo só meu comigo mesma. Sem ferramentas de integração social ou telefones celulares: não. Só eu na minha bolha. A verdade é que essas duas semanas sem viver ligada na tomada me fizeram refletir sobre certas questões que nunca haviam passado pela minha cabeça. São tantos desejos, objetivos, paixões e confissões que me vi entrelaçada nas confusões que eu não tinha tempo de analisar por conta da minha rotina maluca de pré-vestibulanda-psico-frenética. Acabei por não estudar o quanto deveria durante as duas semanas, o que me deixa com um certo peso na consciência, sim. Mas acredito que esse momento seja tão importante (ou mais importante) que uma vaga em uma faculdade foda (mesmo que essa reflexão toda me custe tal vaga). O auto-conhecimento é de absurda importância na vida de todos. A aparência, por sua vez, às vezes destrói o auto-conhecimento. Tritura-o. E é incrível como parte das pessoas que conheço permite que isso aconteça. Eu não. Tenho plena consciência de que ninguém vive de aparências e que antes mostrar o que realmente se é a apodrecer camurflada em um rostinho bonito que atenda aos moldes capixabas. Então, entendidos ou não, aí vou eu. Sei que não costumo muito falar tão 'abertamente' nesse blog, e que normalmente escrevo maluquices ou fixões, mas o desabafo foi necessário, acredite. O fato é que seres humanos são muito mais do que aparentam ser. E eu, como boa ser humana que sou, não fujo à regra.

Nothing's gonna change my world.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Porque metade de mim é o que eu sinto, e a outra metade eu não sei.

Amizade é sim o que há de mais nobre nos sentimentos por mim já sentidos, mas até onde ela é valia eu já não sei mais. Vi-me em muitos momentos cega por pensar que o amado ama a quem se doa no ato de amar, mas acabei por colocar uma casca de banana bem sob meu próximo passo. A anestesia que costumava usar não adormece mais a saudade que me corrói por dentro, que toma uma proporção abrangente e significativa do meu eu. Grita, esmurra, esperneia... Locomovendo-se do coração, ao estômago, à coluna vertebral. A compaixão é traiçoeira. O coração fala em códigos que nem eu aprendi a decifrá-los ainda. E imagino, sim, que algumas outras almas pensantes tenham chegado a uma certa conclusão que converge à que cheguei. Mas é necessária a compreensão de que pessoas assim amam em excesso. Todo excesso é prejudicial. O desapego tem me chamado ao pé do ouvido. Chamado por atenção, me aconselha, me pega pra criar, já que se apegando demais me tornei uma máquina quebrada de amar. Venha cá então, menino. Vamos ver como é uma vida sem grandes expressões, afinal de contas, todo cuidado é pouco. Quem avisa, amigo é. E é por meio deste singelo e sincero vômito na primeira pessoa que confesso: você venceu.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O eu gosta é do estrago.

Egoísmo, às vezes, fala mais alto: suga tudo que podes, menina! Não perde tempo, prende a respiração! Minha nossa, quem foi que fez esse estrago? É, fui eu. Não admiti, mas fui. Foi o eu que estava preso sobre a pele, o eu que atravessava a garganta. O impulsivo do eu. O eu que sabe que quem ouve sabe que fala, depois pensa. O eu, não eu mesma. O eu doméstico roubou o sentimento de cada dia só pra mim e não dividiu com ninguém. Eu tenho mais fome de alma.

O silêncio sempre fala por todos.

Antônia.

Apoiou o prato de comida sobre a pia e almoçou alí mesmo. Tamanho era o seu desgosto. Cara feia, não tinha fome. Engolia a comida mal mastigada só para não se fazer desnutrida. Tamanho era o seu desgosto. Morrer não desejava, apesar do desgosto, porque sentia o ser feliz perto. Mas na mesa não ia se sentar, ah, mas nem morta, pensou. Respirava ofegante da raiva alojada bem lá dentro. Não quis comer tudo. A verdade é que a comida daquele vagabundo estava um nojo só. Jogou o prato dentro da pia, nem fez questão de colocar os restos no lixo. Foi para o quarto. Bateu a porta. Tamanho era o seu desgosto.

Pietro.

Olhava um ponto fixo no chão. Segurava o garfo imóvel com os punhos sob a mesa. A toalha era a mais bonita que tinham, ganhada da bisa. Só usavam para festividades. Sobrancelhas levemente levantadas, boca seca, coração doído. Não sabia como explicar a sua irmã o que ocorrera, não que lá ouvesse uma explicação concreta. Ela era frágil, porém mais velha e cheia de atitudes... Céus, como ele tinha medo. Já era quase um homem feito e sentia o medo que o consumia inteiro. Medo que o derretia, que o controlava, que lhe embrulhava o estômago. Tinha saudades do pai que morrera há alguns meses, mas ao mesmo tempo sentia ter traído o homem que o colocou no mundo. Que sem ele Pietro era pó. Olhou para a amada sentada a sua frente. Sorriu sutil, só com o canto da boca, sem mostrar os dentes. Porém os olhos não sorriam também. Não tinha fome. Normalmente não gostava de comer a comida que ele mesmo havia preparado.

Manuela.

Ela amava ele. Amava muito. Queria que Antônia entendesse que amor de verdade não se limita. Mas essa frase era um tanto quanto clichê para uma menina revoltada. Seu olho enchera de lágrimas. Deveria ter deixado esse romance às escondidas como estava. Não, não deveria, pensou. Era como se estivesse sendo vigiada pelo marido. Pelo ex-marido. Ato falho. Mas, meu Deus, uma pessoa não pode acabar apaixonada por duas outras? Estava mal. Porém, no fundo, feliz. Amava e era recíproco. Não era esse o desejo da massa? Conseguira. Sentia-se um pouco louca por, naquele momento, gostar de ser viúva. Que pensamentos são esses, Manuela! Mal sabiam eles que nem os nossos próprios pensamentos controlamos. Não quis almoçar. Estava enjoada, a gravidez era precoce. Sentia o arrependimento vivo por dentro amassando-lhe os órgãos. Talvez aquela não teria sido a melhor maneira de contar à própria filha que estava apaixoanda pelo próprio filho.
Vamos nos deitar, Pietro? Vai dar tudo certo.
Deixaram os pratos feitos encima da mesa. Dormiram juntos. Acordaram. Não, não foi um sonho, Pietro. Choraram.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Rótulos, pra que te querem...

"Foi quando o meu pai me disse: filha, você é a ovelha negra da família". Rita Lee.

Certas pessoas têm certas manias. Dissecam no simples ato de olhar, esperando que todos os microscópicos pedaços da carne sejam o conjunto de um ser homogêneo. Mesma cor, mesmo cheiro, mesma textura. Quando encontram um vestígio de sangue em um tom acima do vermelho vivo, chegado no vinho, no roxo, é certo: há algo de errado com essa senhorita. Possuidores da necessidade de organizar pessoas em caixas de papelão são os também possuidores da desordem do 'consigo próprio'.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Desapegando-se em 3, 2, 1...

Ofereci um talho do pronome possessivo a quem se ama, mas não o quiseram.